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sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Polônia - Os Invencíveis

A história da luta pela liberdade do povo polonês contra as ocupações dos regimes nazista e soviético. O filme de animação gráfica foi produzido pelo Instituto da Memória Nacional da Polônia.
Curta StB no Brasil. Curta História Heroica.


quinta-feira, 23 de março de 2017

A KGB, a StB e a.....SB.



                                                                 
                                   Carimbo do Ministro do Interior (fonte: Wikipedia)
                                                              


           Certamente nossos leitores já se depararam em nossos artigos com informações sobre atividades da KGB soviética e da StB tchecoslovaca em território brasileiro,...pois bem, agora chegou a hora de escrever um pouco sobre a SB polonesa. A SB, por extenso, a Służba Bezpieczeństwa (Serviço de Segurança), foi um orgão de segurança estatal vinculado ao Ministério do Interior (Ministerstwo Spraw Wewnętrznych) da República Popular da Polônia. Funcionou de 1956 até 1989 e foi sucessor da UB (Urząd Bezpieczeństwa Publicznego - Agência de Segurança Pública). A tarefa da SB era essencialmente a de defender o sistema comunista na Polônia. Em outras palavras, foi uma polícia política do regime totalitário que controlava e vigiava a população. Além disso, uma de suas unidades era o Departamento I, que realizava atividades de inteligência no exterior. Esse é o departamento que mais nos interessa...

         
           Segundo documentos existentes nos arquivos do IPN (Instytut Pamięci Narodowej - Instituto de Memória Nacional)* a SB também atuava no Brasil, o codinome da sua rezidentura (base no estrangeiro) no Rio de Janeiro era “SANTOS”, que esteve ativa de 1954 até 1962. Antes deste período, desde 1952, havia um funcionário seu no Brasil que se ocupava de questões de Contrainteligência. A partir de maio de 1957, o  residente foi o major J.J. de codinome „Flor”.

                                                       
                  Fragmento do documento: Varsóvia, 15 de setembro de 1962 - secreto


          No curso de nossas pesquisas, encontramos um documento de 15 de setembro de 1962, dedicado à avaliação de trabalho deste funcionário da rezidentura, onde podemos ler que, em abril de 1957, o major J.J. (no documento consta o nome completo) foi enviado para trabalhar na rezidentura “Santos” e que ocupou oficialmente o cargo de adido da Legação da República Popular da Polônia, até a data de 4 de julho de 1962.


                Tradução: Avaliação do trabalho do funcionário da rezidentura “SANTOS”



          Neste mesmo documento está escrito, entre outras coisas, que: “...No trabalho do major J. devem ser diferenciados dois períodos: o primeiro, de 1957 até 1959, ou seja, até o momento de regresso ao país por motivos de férias, o seu trabalho se caracterizou principalmente na aquisição de informações políticas e econômicas do território do Brasil. Por este período, o trabalho do major recebeu, então, uma avaliação positiva. Também existe a informação de que: “... o major J. com base na agentura [rede de agentes – nota do autor] existente (recrutou, entre outros, o agente de codinome “EDO”) e nos contatos de informação possuídos, deveria concentrar-se na aquisição de dados sobre a política dos EUA, Inglaterra, França e RFA” (República Federal da Alemanha – nota do autor). Segundo o documento, “...a realização desta tarefa não trouxe os resultados esperados por que  a coleta de dados sobre os países acima citados (com exceção de informações sobre pressão dos EUA exercida sobre países da América Latina) foi irrealizável. Neste sentido, o Brasil é um tipo de província política e os acontecimentos europeus chegam até aqui com um certo atraso.
          A instrução da Central de nr. 7/B do dia 20 de setembro de 1961, continha novas diretrizes de nosso trabalho, acentuando principalmente na construção de uma rede de apoio de agentes, levando em conta principalmente a formação de pontos de endereço e na busca de candidatos como pessoas de ligação com o território dos EUA. 

                                                                   
                                          Fragmento do documento descrito neste artigo



          Na folha seguinte, podemos ler que “FLOR”: 

          Recrutou os agentes “EDO” e “AMARO” e adquiriu alguns contatos de informação. “EDO”, sob a inspiração do major J., escreveu um livro sobre questões alemãs, (...)

          Forneceu (trata-se de “FLOR”- nota do autor) toda uma série de informações atualizadas de caráter político e econômico, principalmente uma fotocópia de um sigiloso plano brasileiro de perspectivas econômicas sobre as tendências de desenvolvimento de todas as regiões do mundo para os próximos 20 anos, que foi (este plano – nota do autor) aproveitado não somente para a elaboração de análises da Seção XI do Departamento I, como também foram elaboradas informações para os amigos soviéticos.
          Forneceu toda uma série de características e conexões operacionais, que por certos motivos não pudemos desenvolver e foram entregues a título de informação e para  eventual aproveitamento, aos amigos soviéticos.
          Trabalhou corretamente com a rede de colaboradores (4-6 em diferentes períodos), os quais, sob sua direção, adquiriram habilidades e experiência no trabalho de inteligência. Aqui merecem destaque:“KORCZAK” e “JULIUSZ(provavelmente trata-se de cidadãos poloneses – nota do autor) (...).
        
                                                                 Chefe da Seção IV do Departamento I, major J. S.”
         

          A rezidentura no Brasil deixou de existir quando o major J. regressou ao seu país em julho de 1962. Foi decidido que as informações por ele reunidas sobre potenciais candidatos a agentes,  fossem entregues ao serviço de inteligência soviético para eventual aproveitamento. Em novembro do mesmo ano, os documentos da rezidentura “Santos” foram enviadas ao arquivo. Mas isso não significa que, após esse fato, serviços de inteligência da Polônia comunista nunca mais tenham atuado de alguma maneira no Brasil. Ainda publicaremos mais sobre o assunto.



                                                                                                Mauro “Abranches” Kraenski



* Agradecimento: Gostaríamos de agradecer ao pesquisador do Instituto de Memória Nacional polonês, senhor Witold Bagieński, que nos enviou algumas informações procedentes de seu livro que está em fase de preparação para ser publicado, intitulado: "Wywiad cywilny Polski Ludowej w latach 1945-1961” (O Serviço de inteligência civil da República Popular da Polônia nos anos 1945-1961), onde faz uma breve descrição sobre as atividades do serviço de inteligência comunista polonês no Brasil.